Por: Thamires Santos
Fotos: Acervo pessoal e do Grupo Togarma
Como sempre receptivo e atencioso, o criador, ator e diretor Jandeir
Dias, nos conta em entrevista, sobre a reapresentação, de um de seus grandes
sucessos nos palcos, a peça “O Caneco Amassado”, antigo bordel da cidade de
Salgueiro que funcionou até meados dos anos 70, e sobre seu Grupo de Teatro
Togarma e seus projetos para o futuro.
Jandeir Dias é diretor e criador
da peça
REPÓRTER – O grupo Togarma foi criado em 2006, e um ano depois você estreou a
peça O caneco amassado. Desde a primeira apresentação até hoje, você sentiu que
as pessoas começaram a ver de forma diferente as protagonistas dessa história e
a própria história?
JANDEIR DIAS – As histórias sobre O
Caneco Amassado não eram muito conhecidas, poucas pessoas, em especial os mais
velhos guardavam lembranças e relatos sobre o tema. O espetáculo chegou e
apresentou o assunto ao grande público, que creio eu, não tinha opiniões formadas
sobre as “protagonistas reais” ou sobre a história do estabelecimento. O
espetáculo mostra de uma forma sucinta assuntos interessantes, ora tristes e
ora alegres, a minha intenção é fazer com que a plateia sinta as dores e as
dificuldades que o “ser dono de si” há tempos atrás acarretavam às mulheres.
Apenas mostro as consequências que a vida joga nas mãos daqueles que decidem
viver independente dos problemas e situações. Cada um conceitua, julga e tira
suas próprias conclusões.
R – Vocês foram a Festivais de
Teatro, apresentando essa peça, qual foi a reação do publico que talvez não
conheça esse lado esquecido da história salgueirense?
J.D. – Já levamos esse espetáculo a vários lugares,
participamos de diversos festivais, em todo canto que chegamos o público se
envolve com a linguagem cênica proposta. Desde a estreia até hoje, apresentamos
em média 40 sessões. Acho que de início acontece certa simbiose entre as
personagens e a plateia. Creio que as personagens cativam os olhares justamente
porque têm problemas, riem, choram e lutam, como todo mundo na vida real. O
fato de não conhecer a história é um fator insignificante para o entendimento
do público, uma vez que, o espetáculo se inicia de forma cronológica e tende a
apresentar e narrar tais momentos descritos no corpo do texto.
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Cena do espetáculo O Caneco Amassado em 2012 na
cidade de Salgueiro PE
R – Para essa próxima apresentação, depois de mais de
5 anos, mudou alguma coisa, seja nos atores envolvidos, que são de Salgueiro,
ou no próprio texto da peça?
J.D. – Sempre muda
algo. Um ator aqui, uma atriz ali. Acho muito difícil uma equipe técnica se
manter sem mudanças por tanto tempo. Algumas personagens foram representadas
por mais de dois artistas. O Cenário se mantém com a mesma essência, porém,
reformas e ajustes são acrescentados a cada temporada. Já o texto, esse vai
ganhando informações mais precisas e adaptações de linguagem para facilitar a absorção
de informação entre interlocutor e público. O Teatro é formado por gente e é
uma arte que se faz em tempo real, sendo assim sempre muda, muda a emoção, o
gesto, a voz... A cada espetáculo, um novo espetáculo.
R – Com sucesso de público e critica você pensa em
fazer um projeto parecido com esse?
J.D. – Tenho um
pré-projeto de montar um espetáculo sobre a vida de um grande homem da cidade.
Não e nada certo, é tudo muito inicial ainda, mas já tenho essa ideia. Existem
sim diversas histórias, porém, a maioria delas não me provocam ou me chamam
como essa do Caneco Amassado. Como disse, pode ser que sim, pode ser que não,
quem sabe?
R – E ainda, o grupo Togarma,
paralelo a esse trabalho apresentou diversas peças como Nimbo, Chapeuzinho
Vermelho... Você tem outros projetos para 2014? Ou a reapresentação delas?
J.D. – Sim. A meta é
nunca parar! A arte é o meu combustível para seguir em frente. Além de
reapresentações de espetáculos já montados, pretendo escrever, montar e estrear
novos projetos que ainda estão em fase de nascimento. Coisas novas virão, e
coisas “velhas” virão como novas, como falei lá em cima, a arte se renova e
sempre renasce de uma forma diferente e inovadora. Que Deus me permita seguir.
R – E pra finalizar, gostaria de saber se o Grupo
Togarma que já revelou talentos de nossa cidade pretende abrir inscrições ou cursos
para os interessados na sétima arte?
J.D. – Gente nova sempre
traz gás, energia... Pretendo montar uma Escolinha de Teatro para todos da
população, e claro, a partir daí, selecionar, preparar e formar as que mais se
identificarem com a minha metodologia de trabalho. Todos que se interessam em
se juntar ao Togarma são bem vindos. Não precisa ter talento para atuar como
ator/atriz, nossa arte precisa de vários campos de atuação. Os bastidores, a
técnica e demais postos de trabalho são fundamentais no processo de trabalho no
Teatro.
O Caneco Amassado
Autoria e Direção: Jandeir
Dias
Encenação: Grupo de Teatro
Togarma (Salgueiro)
Data: 10/08/2013 (Sábado)
Horário: 19:30
Local: Teatro Alaíde
Conserva (na Antiga Estação Ferroviária)
Senhas limitadas e Gratuitas disponíveis
na Secretaria de Cultura e Esportes de
Salgueiro.
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