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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

ENTREVISTA – A peça O Caneco Amassado completa 5 anos com apresentação gratuita

Por: Thamires Santos
Fotos: Acervo pessoal e do Grupo Togarma

Como sempre receptivo e atencioso, o criador, ator e diretor Jandeir Dias, nos conta em entrevista, sobre a reapresentação, de um de seus grandes sucessos nos palcos, a peça “O Caneco Amassado”, antigo bordel da cidade de Salgueiro que funcionou até meados dos anos 70, e sobre seu Grupo de Teatro Togarma e seus projetos para o futuro.


Jandeir Dias é diretor e criador da peça

REPÓRTER – O grupo Togarma foi criado em 2006, e um ano depois você estreou a peça O caneco amassado. Desde a primeira apresentação até hoje, você sentiu que as pessoas começaram a ver de forma diferente as protagonistas dessa história e a própria história?

JANDEIR DIAS – As histórias sobre O Caneco Amassado não eram muito conhecidas, poucas pessoas, em especial os mais velhos guardavam lembranças e relatos sobre o tema. O espetáculo chegou e apresentou o assunto ao grande público, que creio eu, não tinha opiniões formadas sobre as “protagonistas reais” ou sobre a história do estabelecimento. O espetáculo mostra de uma forma sucinta assuntos interessantes, ora tristes e ora alegres, a minha intenção é fazer com que a plateia sinta as dores e as dificuldades que o “ser dono de si” há tempos atrás acarretavam às mulheres. Apenas mostro as consequências que a vida joga nas mãos daqueles que decidem viver independente dos problemas e situações. Cada um conceitua, julga e tira suas próprias conclusões. 


R – Vocês foram a Festivais de Teatro, apresentando essa peça, qual foi a reação do publico que talvez não conheça esse lado esquecido da história salgueirense?

J.D. – Já levamos esse espetáculo a vários lugares, participamos de diversos festivais, em todo canto que chegamos o público se envolve com a linguagem cênica proposta. Desde a estreia até hoje, apresentamos em média 40 sessões. Acho que de início acontece certa simbiose entre as personagens e a plateia. Creio que as personagens cativam os olhares justamente porque têm problemas, riem, choram e lutam, como todo mundo na vida real. O fato de não conhecer a história é um fator insignificante para o entendimento do público, uma vez que, o espetáculo se inicia de forma cronológica e tende a apresentar e narrar tais momentos descritos no corpo do texto.

Cena do espetáculo O Caneco Amassado em 2012 na cidade de Salgueiro PE


R – Para essa próxima apresentação, depois de mais de 5 anos, mudou alguma coisa, seja nos atores envolvidos, que são de Salgueiro, ou no próprio texto da peça?

J.D. – Sempre muda algo. Um ator aqui, uma atriz ali. Acho muito difícil uma equipe técnica se manter sem mudanças por tanto tempo. Algumas personagens foram representadas por mais de dois artistas. O Cenário se mantém com a mesma essência, porém, reformas e ajustes são acrescentados a cada temporada. Já o texto, esse vai ganhando informações mais precisas e adaptações de linguagem para facilitar a absorção de informação entre interlocutor e público. O Teatro é formado por gente e é uma arte que se faz em tempo real, sendo assim sempre muda, muda a emoção, o gesto, a voz... A cada espetáculo, um novo espetáculo. 




R – Com sucesso de público e critica você pensa em fazer um projeto parecido com esse?

J.D.Tenho um pré-projeto de montar um espetáculo sobre a vida de um grande homem da cidade. Não e nada certo, é tudo muito inicial ainda, mas já tenho essa ideia. Existem sim diversas histórias, porém, a maioria delas não me provocam ou me chamam como essa do Caneco Amassado. Como disse, pode ser que sim, pode ser que não, quem sabe?


R – E ainda, o grupo Togarma, paralelo a esse trabalho apresentou diversas peças como Nimbo, Chapeuzinho Vermelho... Você tem outros projetos para 2014? Ou a reapresentação delas?

J.D.Sim. A meta é nunca parar! A arte é o meu combustível para seguir em frente. Além de reapresentações de espetáculos já montados, pretendo escrever, montar e estrear novos projetos que ainda estão em fase de nascimento. Coisas novas virão, e coisas “velhas” virão como novas, como falei lá em cima, a arte se renova e sempre renasce de uma forma diferente e inovadora. Que Deus me permita seguir.


R – E pra finalizar, gostaria de saber se o Grupo Togarma que já revelou talentos de nossa cidade pretende abrir inscrições ou cursos para os interessados na sétima arte?

J.D.Gente nova sempre traz gás, energia... Pretendo montar uma Escolinha de Teatro para todos da população, e claro, a partir daí, selecionar, preparar e formar as que mais se identificarem com a minha metodologia de trabalho. Todos que se interessam em se juntar ao Togarma são bem vindos. Não precisa ter talento para atuar como ator/atriz, nossa arte precisa de vários campos de atuação. Os bastidores, a técnica e demais postos de trabalho são fundamentais no processo de trabalho no Teatro.


SERVIÇO:


O Caneco Amassado
Autoria e Direção: Jandeir Dias
Encenação: Grupo de Teatro Togarma (Salgueiro) 
Data: 10/08/2013 (Sábado)
Horário: 19:30
Local: Teatro Alaíde Conserva (na Antiga Estação Ferroviária) 
Senhas limitadas e Gratuitas disponíveis na Secretaria de Cultura e Esportes de Salgueiro.